Avós da Praça de Maio encontram mais um bebê 'roubado' pela ditadura argentina
- 1 setembro 2015
Mais uma criança sequestrada pelo governo militar da Argentina (1976 – 1983) foi identificada, segundo informou a organização Avós da Praça de Maio.
Testes de DNA confirmaram que uma mulher, agora com cerca de 30 anos, era filha dos ativistas Gladys Castro e Walter Domínguez, integrantes do Partido Comunista Marxista Leninista da Argentina.
Ambos viviam na cidade de Mendoza (norte) e foram capturados na casa em que moravam em 1977. Na época, Gladys estava grávida de seis meses e deu à luz na prisão no ano seguinte. Gladys e Walter nunca mais foram vistos.
Segundo a ONG, há mais de 300 pessoas que foram roubadas quando bebê ou crianças pelo regime militar e ainda não foram identificadas.
O sequestro de bebês era parte de um plano da ditadura argentina e ocorria de maneira sistemática, segundo grupos de direitos humanos.
O objetivo era dar os filhos de pessoas que o governo considera subversivas a famílias de militares e seus aliados. Na lógica da ditadura, isso evitaria que fosse criada outra geração do que os militares consideravam radicais da esquerda.
Prêmio pela luta
A organização Avós da Praça da Maio foi fundada em 1977 com o objetivo de encontrar os filhos roubados e adotados ilegalmente durante o governo militares.
Ao longo dos anos e de muitos protestos e lutas, a ONG conseguiu muitos frutos.
Um deles ocorreu em 2014, quando o neto de Estela de Carlotto, a presidente da ONG, foi identificado após mais de 30 anos de buscas.
Para muitos, a identificação de Guido foi como um prêmio para a vida de luta de Estela. Ele se submeteu ao teste de DNA por conta própria, após desconfiar de sua verdadeira identidade.
A filha de Gladys e Castro é a 117º pessoa a ser identificado pela ONG.
O grupo possui um amplo banco de dados genéticos de familiares das vítimas da ditadura. Foi a partir desta base de dados que os bebês separados dos pais biológicos – e agora com mais de 30 anos – foram localizados.
A organização costuma veicular anúncios em jornais, TVs e rádios incentivando pessoas com dúvidas sobre sua identidade a procurar a ONG e realizar o local e realize o exame de DNA.
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