Crise de tudo
Quando um carro que não é táxi, mas que transporta
passageiros cobrando mais ou menos (mas não é táxi), é algo considerado uma
inovação espetacular, então algo está muito errado neste mundo. Pessoas se
estapeando, greves, passeatas, tudo para deter o avanço e a promoção do tal
Uber demonstram o quanto já estamos em fase de bloqueio mental agudo. Não há
nada de novo. São automóveis que levam pessoas da Gávea para Belford Roxo. Só
isto. E a pancadaria rola solta, porque táxi não é. Ora bolas. Quando me perguntam
se sou contra ou a favor do Uber, mando a pessoa para o raio que a parta. Eu
tenho muito mais o que fazer e pensar. E se isto é uma grande inovação, então
me tirem os tubos.
Nos quesitos inovação
e criatividade, o mundo anda modesto e o Brasil cada vez mais parado. Costumo
dizer que a proliferação do Aedes Aegypti se dá em todo o país, pois ele todo
está parado e, com diziam nossos antepassados, águas paradas não movem montanhas.
Tudo no Brasil está parado, até as águas. A microcefalia, antes uma
característica de nossa classe política e empresarial, agora deixou de ser
ofensa e virou doença endêmica. O que é ruim, o que faz mal, o que não presta,
isto sim, avança no Brasil.
Esse marasmo que
acomete a nossa sociedade, pendente como se fosse uma novem negra sobre nossas
cabeças, é fruto da preguiça e da inépcia de quem lidera, somada à mania
socialista de distribuir dinheiro público (nosso!) para empresários e para os
pobres sem pedir deles nada notável em troca. Empresários ganham empréstimos a
taxas ridículas, para dar corpo a projetos absurdos de um governo estúpido
(Pré-Sal, transposição do São Francisco e outros) e nada concluem nem agregam
qualquer valor. Já as camadas mais pobres, recebem os cala-bocas tipo
bolsa-família, usam seus cartões da cultura para comprar cigarros e também nada
agregam de valor a si mesmos, às suas comunidades e ao país. Dinheiro posto
fora, algo tão triste quanto dinheiro desviado por corrupção.
Enquanto há países investindo em novas tendências energéticas, sistemas de mobilidade urbana, alternativas para remissão ou cura de doenças, novas técnicas agrícolas, métodos inovadores na educação e em tantas outras frentes agregadoras, aqui apostamos num pré-sal, brigamos a tapa com mosquitos que deformam nossos bebês, contratamos a peso de ouro médicos (?) precaríssimos de Cuba e somos parceiros de ditadores de todos os matizes. Enquanto outros apertam cintos, reduzem ou otimizam seus custos de gestão, investem em novos materiais e sistemas, aqui mantemos no poder milhares de ineptos, ladrões e corruptos, com a lúdica esperança de que um único juiz vá nos salvar.
Não se evolui sem
criatividade e inovação. Nossa maneira de ver e de fazer as coisas está nos
levando para o fundo de um abismo mais profundo do que uma sonda do pré-sal
pode atingir. O Brasil não lidera nem mesmo na América do Sul, decai em índices
diversos que apontam corrosão em nossa qualidade de vida e avança no escuro,
esperando encontrar uma saída ao acaso, por sorte ou por destino. Não há.
Nenhum comentário:
Postar um comentário