Artigo de Rodrigo Constantino
Todos nós temos nossa vaidade e interesses próprios. Qualquer liberal sabe disso e costuma ser cético com políticos, em vez de acreditar cegamente em seu suposto altruísmo. Além disso, desde Lord Acton sabemos que o poder corrompe. Limitar o escopo do estado, criar mecanismos de pesos e contrapesos, descentralizar o poder são, portanto, medidas saudáveis e necessárias.
Mas isso não é o mesmo que adotar visão cínica de mundo, em que todos são uns safados oportunistas de olho apenas no próprio umbigo. Quem assim enxerga a humanidade pode muito bem estar diante de um espelho, projetando nos outros aquilo que vê em si mesmo. Talvez seja o caso daquela minoria que viu com maus olhos a escolha do juiz Sergio Moro para o Ministério da Justiça.
A turma petista logo acusou o principal nome da Lava Jato de interesses políticos, como se seu trabalho anterior que levou Lula à prisão fosse uma espécie de campanha para esse cargo. A acusação é absurda e serve apenas para a narrativa de que Lula é um preso político, em vez de um político preso. Até os formadores de opinião “imparciais” alertaram que não pegava bem Moro aceitar o desafio. Por quê?
O papel como ministro do governo Bolsonaro em nada diminui sua trajetória no combate à corrupção. Ao contrário: ele ganha mais poderes para tentar levar sua missão a um patamar ainda mais elevado. Moro disse que aceitar o convite “não é um projeto de poder”, mas “de tentar fazer a coisa certa” em outro nível. E descartou qualquer disputa de cargo político, considerando seu futuro trabalho como técnico.
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“Eu não posso pautar minha vida com base numa fantasia, num álibi falso de perseguição política”, afirmou. Segundo uma pesquisa, mais de 80% dos entrevistados ficaram contentes com a escolha de Moro por Bolsonaro. Uma vez mais, fica claro o abismo entre elite “intelectual” e povo. Moro conta com a admiração e o respeito da imensa maioria da população brasileira, com toda razão. É tido como herói por muitos.
Quando esquerdistas insinuam ou afirmam que ele está só de olho em recompensas pessoais, traem aquilo que jaz em seus próprios corações. Essa gente é incapaz de compreender o que seja espírito público, o desejo sincero de contribuir como for possível para a melhoria da nação. É porque muitos ali agem exatamente assim, sempre de olho em uma oportunidade para se dar bem, e dane-se o país.
Claramente não é o caso de Moro, como também não é o caso de Paulo Guedes e outros que compõem a equipe de Bolsonaro. Pela primeira vez em muito tempo temos visto pessoas com excelente preparo dispostas a ajudar de alguma forma o governo. Percebem uma chance de realmente fazer a diferença, legar às próximas gerações um Brasil que dê orgulho.
Artigo originalmente publicado pela revista IstoÉ
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