EUA aprovam o primeiro medicamento contra a obesidade em 13 anos
Substância age sobre os receptores de serotonina no cérebro, levando a pessoa a comer menos e mesmo assim sentir-se satisfeita
Belviq: droga atua diminuindo o apetite e é indicada apenas para pacientes com IMC acima de 30 (Divulgação/Arena Phamaceuticals)
O governo americano aprovou nesta quarta-feira o uso da nova droga lorcaserina — cujo nome comercial é Belviq — para tratar da obesidade. Ela age especificamente nos receptores de serotonina presentes no cérebro, levando a pessoa a comer menos e mesmo assim sentir-se saciada. Ela é a primeira droga contra obesidade aprovada nos últimos 13 anos pelo Food and Drug Administration(FDA), órgão que regula alimentos e drogas nos Estados Unidos.
Saiba mais
SEROTONINA
Um neurotransmissor (substância química que realiza a comunicação entre os neurônios) que auxilia a regulação do humor, do sono, da atenção e do apetite. Está associado aos mecanismos de recompensa do cérebro.
Um neurotransmissor (substância química que realiza a comunicação entre os neurônios) que auxilia a regulação do humor, do sono, da atenção e do apetite. Está associado aos mecanismos de recompensa do cérebro.
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
Índice que mede a gordura corporal, baseado no peso e na altura do indivíduo. Ele é calculado ao se dividir o peso da pessoa pelo valor de sua altura elevada ao quadrado. As pessoas que têm o índice maior do que 30 são consideradas obesas.
Índice que mede a gordura corporal, baseado no peso e na altura do indivíduo. Ele é calculado ao se dividir o peso da pessoa pelo valor de sua altura elevada ao quadrado. As pessoas que têm o índice maior do que 30 são consideradas obesas.
DIABETES TIPO 2
Enquanto o diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, no de tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causado por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.
Enquanto o diabetes tipo 1 ocorre pela falta da produção de insulina, no de tipo 2 a insulina continua a ser produzida normalmente, mas o organismo desenvolve resistência ao hormônio. É causado por uma mistura de fatores genéticos e pelo estilo de vida: 80% a 90% das pessoas que têm o tipo 2 da diabetes são obesas.
A droga foi aprovada para o uso em adultos com um índice de massa corporal de 30 ou mais (calcule aqui seu IMC), que podem ser considerados obesos, ou com um índice de 27 e que sofram de algum problema relacionado ao peso, como pressão alta, diabetes tipo 2 ou colesterol alto.
O remédio foi testado em aproximadamente 8.000 pacientes obesos e acima do peso, que usaram o remédio entre 52 e 104 semanas. Com o tratamento, todos os participantes receberam aconselhamentos sobre como alterar o estilo de vida para reduzir o consumo de calorias e aumentar os exercícios. Os pacientes que se trataram com a lorcaserina tiveram uma perda de peso de 3% a 3,7% maior do que aqueles que se trataram com placebo.
Cerca de 38% dos pacientes que sofriam com diabetes tipo 2 e receberam a droga perderam pelo menos 5% de seu peso, enquanto somente 16% dos pacientes com diabetes que receberam o placebo tiveram o mesmo resultado. Já entre os pacientes que não sofriam de diabetes, 47% dos que usaram a droga perderam peso, contra 23% dos tratados com placebo.
O FDA, no entanto, recomenda que a droga deixe de ser administrada para os pacientes que não conseguirem perder peso depois de 12 semanas de tratamento. Para eles, a droga não terá nenhum efeito significativo.
Entre os efeitos colaterais constatados estão a síndrome de serotonina, que é causada pelo excesso do neurotransmissor e pode levar à morte. Os especialistas dizem que a droga não deve ser misturada com outros medicamentos que aumentem os níveis de serotonina no cérebro ou ativem seus receptores, incluindo algumas drogas contra a depressão e enxaqueca.
Segundo a Anvisa, a droga ainda não consta em seus sistemas, sinalizando que a empresa responsável por sua fabricação ainda não deu entrada para aprová-la no Brasil.
Opinião do especialista
Alfredo Halpern
Méduci endocrinologista, professor da Faculdade de Medicina da USP e autor dos livros Pontos para o gordo e, em co-autoria com Claudir Franciatto, Desta vez eu emagreço! e Magro para sempre!
Méduci endocrinologista, professor da Faculdade de Medicina da USP e autor dos livros Pontos para o gordo e, em co-autoria com Claudir Franciatto, Desta vez eu emagreço! e Magro para sempre!
“A aprovação do remédio é uma excelente notícia. Ele age do mesmo modo que outro medicamento mais antigo: a fenfluramina. Ele também agia sobre o receptor de serotonina, o que faz diminuir o apetite. Como todo remédio para emagrecer, ele não funcionava em todo mundo, mas tinha efeito em 40% a 50% dos pacientes. O remédio, no entanto, teve que ser retirado do mercado, porque causava problemas vasculares. Isso foi uma pena, porque muita gente se dava bem com ele. Muitos dos meus pacientes ficaram viúvos da fenfluramina.”
“A lorcaserina não causa esse problema na válvula cardíaca. Ela age num receptor que, para o apetite, é o mesmo que a fenfluramina. Mas a outra droga também atingia outro receptor presente nas válvulas cardíacas. Os pesquisadores fizeram testes para ver se a nova droga não poderia ter esse efeito. A lorcaserina foi testada em muitas pessoas e mostrou que não existe esse perigo.“
“Ela é uma droga que parece ter poucos efeitos colaterais. E foi aprovada nos Estados Unidos, o que é muito difícil - fazia 13 anos que não aprovavam esse tipo de medicamento. Não vejo motivo para a Anvisa não permitir seu uso aqui no Brasil. Todos os médicos que lidamos com a obesidade ficamos muito contentes. Vamos ter mais uma arma para combater a obesidade. “
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