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terça-feira, 5 de maio de 2015

"O Petrolão abasteceu campanha de Dilma" ... / Paulo Roberto Costa / Veja


À CPI, Costa reafirma que dinheiro 

do petrolão abasteceu campanha de 

Dilma


Delator do esquema afirmou ainda ter tratado com diversos 

políticos e que valor da propina era embutido no orçamento das 

obras pelas empreiteiras

 - Atualizado em 
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa presta novo depoimento à CPI que investiga os crimes de corrupção na estatal, em Brasília, em 05/05/2015
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa presta novo depoimento à CPI que investiga os crimes de corrupção na estatal, em Brasília, em 05/05/2015(Lucio Bernardo Jr/Divulgação)
Um dos principais delatores da operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa fala nesta terça-feira à CPI que investiga os desvios na estatal. Em seu depoimento, ele reafirmou as acusações feitas em depoimentos à Justiça e disse que parte dos recursos desviados financiou a campanha de Dilma Rousseff em 2010.
O ex-diretor admitiu que atendeu a um pedido do ex-ministro Antonio Palocci e 'liberou" 2 milhões de reais para a campanha de Dilma Rousseff em 2010. O valor, segundo Costa, partiu dos recursos desviados da Petrobras. "Houve um pedido de 2 milhões para a campanha da presidente Dilma", admitiu ele. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) perguntou: "E o senhor autorizou que fosse tirado da cota do PP, porque o Alberto Youssef não o faria sem o senhor autorizar?". Costa confirmou: "Sim".
O delator confirmou ter tratado de propina com diversos políticos. Entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Lindbergh Farias (PT-RJ), Humberto Costa (PT-PE) e Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e o ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB), atual senador. Costa isentou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). ​
Paulo Roberto Costa afirmou ainda que o valor da propina era embutido no orçamento das obras pelas empreiteiras. "O sobrepreço que tinha nesse processo aí era de 3%, 2%, 1%, que se não tivesse a formação do cartel não teria porque seria um processo competitivo", disse ele, negando que tenha alterado sua versão sobre a origem da propina.
Costa reafirmou que as doações eleitorais de grandes empresas carregam interesses escusos. "Não existe doação sem que as empresas depois não queiram recuperar o que foi doado. Isso não existe. E foi me dito por mais de um empresário. Se ele doa 5 milhões de reais, ele vai querer cobrar mais na frente 20 milhões de reais", declarou. A afirmação vai ao encontro da tese dos promotores a respeito do uso de doações oficiais para pagar propina.
O ex-diretor, que era funcionário de carreira da Petrobras, disse que foi alçado a um posto de comando por indicação política do PP e afirmou que o esquema de corrupção não partiu nem de funcionários nem das empresas. "Nada disso teria acontecido se não fosse alguns maus políticos que levaram a Petrobras a fazer o que fez", declarou.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abriu uma exceção ao ato que proíbe a tomada de depoimento de presos nas dependências da Casa: a regra não vale mais para quem cumpre prisão domiciliar. Por isso Costa pôde ser ouvido no plenário da CPI.
À CPI da Petrobras, o delator voltou a citar o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) como um dos beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. Costa disse que houve um pedido de ajuda financeira para a campanha ao governo do Estado feito "por um secretário que hoje ocupa uma vaga no Senado", referindo-se ao pessebista Fernando Bezerra, ex-ministro da Integração no governo Dilma e investigado na Lava Jato. "Esse contato foi feito e o recurso, repassado", resumiu o ex-diretor da estatal.
Costa, que se disse arrependido de ter participado do esquema de corrupção, saiu em defesa da petrolífera brasileira e afirmou que, apesar dos erros, a estatal não é uma empresa "de fundo de quintal". "A Petrobras tem controles e acompanhamentos. As pessoas que trabalham lá são sérias", afirmou. O ex-diretor, por outro lado, disse que não pode responder sozinho pelas irregularidades na companhia. "Não tem nenhum contrato que foi aprovado por mim ou por algum diretor de forma isolada. Todos foram aprovados pela diretoria executiva - ou seja, pelo presidente e por todos os diretores", disse.
PSDB - Costa relatou à CPI que, em 2009, foi procurado pelo então presidente do PSDB, Sérgio Guerra, com uma oferta: o tucano disse que poderia "minorar" ou "postergar" os trabalhos de outra Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava a Petrobras. Em troca, o tucano pediu um "ganho financeiro". O intermediário da reunião foi Eduardo da Fonte (PP-PE), hoje líder do PP na Câmara dos Deputados. Segundo Costa, houve outros dois encontros em que os detalhes foram acertados. Costa não soube dizer se o pagamento foi feito de forma oficial ou extraoficial, mas assegurou que o valor foi repassado pela empreiteira Queiroz Galvão. "Esse valor foi efetivado, foi pago e esse evento (a CPI) depois deixou de ter a prioridade", afirmou.
Pasadena - No caso da refinaria de Pasadena, cuja compra causou um prejuízo de 792 milhões de dólares à estatal, Costa afirmou que a responsabilidade é do conselho de administração da empresa. "Estão imputando à diretoria da Petrobras toda a responsabilidade pela compra da refinaria. É só qualquer pessoa ler o estatuto da Petrobras e vai ver que a diretoria da Petrobras não tinha autonomia para compra ou venda de qualquer ativo. Quem tinha era o Conselho de Administração", disse ele. Na época, o conselho era presidido por Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.
Prejuízo - O delator contou ter alertado o conselho de administração da empresa sobre a política de preços da companhia, que impediu correções no valor do combustível nos últimos anos. "A Lava Jato é 10% do prejuízo que a Petrobras teve nos últimos anos devido à defasagem de preço", disse ele. Costa afirmou ter avisado ao conselho "quatro ou cinco vezes", baseado em estudos, sobre os riscos da escolha. Mas ele não foi ouvido. "A proposta negativa vinha por parte do presidente do conselho, o ministro Guido Mantega. Ele é quem dizia não ao aumento de preços. Plenamente ciente das consequências disso", afirmou. ​

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