Dilma, a falácia da crise externa e a recessão no Brasil
Ao contrário do que fala Dilma, os dados do FMI mostram que não há crise lá fora e que as principais economias vão fechar o ano em crescimento
JOSÉ FUCS
24/11/2015 - 17h47 - Atualizado 24/11/2015 18h06
Desde o seu primeiro mandato, a presidente Dilma, com apoio de Lula e dos caciques do PT, usa sempre a mesma justificativa para explicar a crise econômica no Brasil. Contra todas as evidências de que a crise é consequência direta da má gestão da economia desde o final do governo Lula, eles continuam até hoje a negar qualquer responsabilidade nos acontecimentos. Afirmam sem cerimônia que a crise no país nada mais é que um reflexo da crise internacional, que afetou as principais economias do planeta desde a derrocada do mercado imobiliário americano, em 2008.
Trata-se de um argumento mais que conveniente para quem não tem a coragem dos grandes líderes de assumir os próprios erros e de aprender com eles. Também é uma explicação oportuna para iludir os incautos que ainda acreditam no blablabá de Brasília e do PT. Eles contam com a ignorância do público – ou de boa parte dele -- para emplacar as versões fantasiosas que fabricam para mascarar os seus tropeços. Só que, nos últimos anos, a economia global vem se recuperando da crise, ora de forma mais vigorosa, ora menos, enquanto o Brasil vem descendo a ladeira em ritmo acelerado com incômoda consistência.
Como revelam os números do quadro abaixo, a ideia de que a recessão no Brasil é decorrente da crise global não passa de uma falácia. De acordo com previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI), a Rússia é a única entre as principais economias do planeta, além do Brasil, que vai fechar 2015 em recessão. Só que a Rússia sofreu duras sanções das economias desenvolvidas por seu envolvimento na Ucrânia, que afetaram dramaticamente seu crescimento, e o Brasil, não.
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Os principais países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França, vão encerrar o ano com a economia em crescimento, assim como o México, a Colômbia, o Chile, o Peru e até a Argentina, na América Latina. Até o Japão, cuja economia patina há anos, deverá crescer 0,6% em 2015, segundo o FMI. Diante desses dados, não dá para deixar de perguntar que crise internacional é essa a que o governo tanto se refere.
Para superar a crise e tentar recuperar a confiança do setor privado, que é algo quase impossível nesta altura do campeonato, o primeiro passo deveria ser o governo reconhecer os sérios equívocos cometidos por Dilma e também por Lula, na gestão da economia, e não negá-los e escamoteá-los como eles têm feito até agora.
Isso, porém, talvez seja pedir de mais para quem montou “industrializou” a corrupção no país, com o objetivo de perpetuar-se no poder e -- de quebra – garantir uns pixulecos para engrossar o próprio patrimônio.
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