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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

11 de setembro dez anos depois...

"O quarteirão vazio em meio a tantos prédios tornava impossível esquecer a lacuna na paisagem do sul de Manhattan. Onde as Torres Gêmeas do World Trade Center se impunham, com seus 110 andares, acumulavam-se entulho e dor. Não mais. Dez anos depois da destruição do símbolo da pujança americana, emerge dali um novo arranha-céu. Ainda com 80 andares, a construção ultrapassará as torres originais. Quando ficar pronto, em 2013, o One World Trade Center será o prédio mais alto dos Estados Unidos, com 541 metros. A seu lado, quatro novas torres. Nessa obra, está refletido o sentimento nova-iorquino ao fim da década. Embora o pior ataque terrorista de todos os tempos tenha deixado marcas indeléveis na história da cidade, do país e do mundo (leia a reportagem O dia que não terminou), eles não olham para trás..."

"...A Nova York jovem tem a dimensão do que ocorreu dez anos atrás. Mas chegou à fase adulta sem ter os atentados como referência de vida. Filha de pai brasileiro, a nova-iorquina Alessandra Bifulco, de 20 anos, é um exemplo dessa nova geração. Quando a Torre Norte virou cinzas naquela manhã de terça-feira, Alessandra estava na escola, em Long Island, região metropolitana de Nova York. Pouco depois do início das aulas, os professores interromperam tudo o que estavam fazendo para acompanhar os eventos pela televisão. Sua mãe, Valerie, já sabia o que ocorrera antes de as emissoras transmitirem ao vivo, pois sua melhor amiga era casada com um bombeiro que ajudou no resgate às vítimas do atentado. No carro, no caminho da escola da filha até sua casa, Valerie manteve-se em silêncio. “Acho que ela não sabia como contar para mim”, diz Alessandra. Em casa, ela acompanhou a queda da Torre Sul, 29 minutos depois da primeira. “Todos nós choramos muito.” Apesar de ter passado quase o dia todo com os olhos grudados na tela, a jovem teve uma ideia melhor do significado daquelas imagens muito tempo depois. “Acho que entendi mesmo quando tinha uns 15 anos”, diz Alessandra. “Fiquei muito sentida naquele dia, mas não tinha capacidade de dimensionar aquilo tudo.”

"...A confiança no poder de mobilização da cidade ante alguma nova tentativa de agressão está nas palavras de Julia Park, de 25 anos, funcionária do fundo de investimentos Oppenheimer. “Eu me sinto muito segura aqui. Você sabe que eles (os policiais) estão fazendo o melhor. Nunca se sabe se poderá acontecer algo ruim outra vez, mas não seria por isso que deixaria de morar em Nova York”, afirma Julia. Assim como Alessandra, ela estudava na hora em que os aviões pilotados por suicidas desencadearam as cenas que abalaram o mundo. Julia vivia na Pensilvânia, Estado onde caiu o Boeing 757 sequestrado para se chocar contra o Capitólio, em Washington, mas impedido de completar a missão depois que os passageiros lutaram com os terroristas para tirá-los do comando da aeronave. “Meus amigos e eu ficamos muito confusos sobre tudo o que estava acontecendo. Estava tudo ali, em frente aos nossos olhos, na televisão. Foi terrível.” Três anos depois, ela foi estudar na New York University. Apesar da memória do 11 de setembro, ficou entusiasmada com a possibilidade de fazer parte da vida nova-iorquina. “O que aconteceu no World Trade Center nunca foi relevante para mim no momento de escolher a cidade onde eu iria morar.”

..."Dez anos depois, o comportamento de boa parte dos nova-iorquinos diante do que passaram naquela manhã de setembro é compreensível, diz o psicólogo Michael Lindell, diretor do Centro de Recuperação e Redução de Riscos da Universidade do Texas. “Para a maioria das pessoas, é uma reação normal voltar a sua rotina sem problemas depois de seis meses de um evento traumático, mesmo que seja algo como o 11 de setembro”, afirma Lindell. “Mas é evidente que quem perdeu parentes ou viu cenas muito fortes da tragédia demora mais para superar.” Segundo dados dos três programas de saúde da prefeitura de Nova York di"rigidos às vítimas dos ataques, pelo menos 10 mil bombeiros, policiais e civis expostos diretamente aos eventos no World Trade Center apresentaram algum quadro de transtorno de estresse pós-traumático. Muitos ainda não se recuperaram. Não conseguem dormir direito, têm dificuldade de concentração, reagem de forma exagerada a alarmes ou ruídos altos e evitam tudo o que lhes faça lembrar a tragédia...

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