24/08/2012 11h44
- Atualizado em
24/08/2012 13h56
Mesmo preso, Cachoeira comandava jogo ilegal no DF, diz delegado
Polícia prendeu 3 pessoas suspeitas de ligação com esquema do bicheiro.
Contraventor foi preso na operação Monte Carlo, da PF, em fevereiro.
O delegado da Divisão de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal, Henry Lopes, disse nesta sexta-feira (24) que há indícios de que, mesmo preso, o bicheiro Carlinhos Cachoeira comandava um esquema de jogo ilegal no Distrito Federal.
“Há indícios de que pessoas dessa quadrilha [desbaratada nesta sexta pela Polícia Civil] deviam obediência a ele [Cachoeira]. Existem testemunhas e depoimentos de que Cachoeira comandava a quadrilha mesmo preso. Como ele fazia isso, como ele se comunicava com a quadrilha, isso está sob sigilo”, disse o delegado.
Nesta sexta-feira, a polícia prendeu temporariamente, durante a Operação Jackpot, três pessoas suspeitas de integrar um esquema de jogos ilegais no DF que seria ligado ao bicheiro. Outras duas pessoas estão foragidas.
Segundo Lopes, dos três presos, dois são os irmãos Raimundo Washington de Sousa Queiroga e Otoni Olímpio Júnior, apontados pela Polícia Federal como braços direitos do bicheiro e presos durante a Operação Monte Carlo.
A advogada de Raimundo Washington de Sousa Queiroga e Otoni Olímpio Júnior compareceu à Deco na manhã desta sexta, mas preferiu não se pronunciar sobre as prisões. O advogado de Carlinhos Cachoeira, Nabor Bulhões, afirmou à equipe de reportagem do Jornal Hoje que o bicheiro não tem contato com ninguém e considera "uma especulação desvairada" a suspeita da Polícia Civil do DF.
Para o delegado da Deco, o esquema de Cachoeira chegou ao DF após a Operação Monte Carlo, há pouco mais de seis meses. O diretor-geral da Polícia Civil do DF, Jorge Luiz Xavier, avalia como "ousada" a ação do grupo. Ele afirma que é preciso que a Justiça determine a prisão preventiva dos suspeitos.
"Diante de uma grande operação da PF [Operação Monte Carlo], uma CPI debatendo o assunto no Congresso [CPI do Cachoeira], esse grupo teve a ousadia de se instalar na capital federal. Isso é um indício de que esse grupo está afrontando o Estado brasileiro. Eles não exploram apenas os jogos de azar, eles se sentem aptos a enfrentar o Estado."
A investigação da Polícia Civil descobriu que funcionários de casas de jogos ilegais fechadas em Brasília e máquinas caça-níqueis apreendidas pela polícia na capital vieram de um dos pontos explorados pelo grupo ligado ao contraventor em Valparaíso, no Entorno do DF, afirmou o delegado.
A polícia identificou sete casas de jogos ilegais no DF – em Sobradinho, Ceilândia, Asa Norte, Asa Sul, Jardim Botânico, Lago Sul e Lago Norte. De acordo com Lopes, cada casa faturava em média R$ 8 mil por dia. O grupo chegava a buscar clientes em casa. Há registro de frequentadores que tinham dívidas de R$ 37 mil.
Todas as pessoas presas nesta sexta podem responder por formação de quadrilha, crime contra a economia popular, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar. As penas variam de 5 a 12 anos de prisão, em caso de condenação.
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Suspeito de comandar rede de jogo ilegal em Goiás, Carlinhos Cachoeira foi preso no dia 29 de fevereiro pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Segundo gravações da PF, o esquema envolvia políticos e empresários em uma rede de corrupção, desvio de dinheiro público e pagamento de propinas.
Após ser preso, Cachoeira foi levado para o presídio federal de Mossoró por razões de segurança, mas depois transferido para o complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, onde está até hoje.
Em março, o Ministério Público Federal em Goiás ofereceu denúncia à Justiça Federal contra 81 pessoas envolvidas na máfia dos caça-níqueis desarticulada pela Operação Monte Carlo. Segundo o MPF, tinham participação na quadrilha três policiais federais, sete policiais civis, 28 militares, um policial rodoviário federal e dois servidores públicos.
Eles foram denunciados por formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva, peculato e violação de sigilo perpetrado por servidores públicos federais, estaduais e municipais.
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