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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Política se faz como se fosse uma linha de produção de vestuário... Leia e aprenda com o exemplo de São Paulo!


Enviado por Ricardo Noblat - 
1.10.2012
 | 8h02m
COMENTÁRIO

Quem pariu Mateus

Uma pesquisa de intenção de voto é uma pesquisa é uma pesquisa. Se ela detecta algo de surpreendente em relação às pesquisas anteriores, manda a experiência que se aguarde as próximas.
O que pareceu novo, por exemplo, pode não ter passado de um soluço, um desvio involuntário de rota, um erro de amostragem.
Só configura tendência o que for atestado, no mínimo, por duas ou três pesquisas consecutivas.
Na semana passada, o Instituto Datafolha registrou uma queda expressiva de Celso Russomanno, candidato do PRB, da Rede Record de Televisão e da Igreja Universal a prefeito de São Paulo. Em relação à pesquisa anterior do próprio Datafolha, Russomanno teria perdido cinco pontos.
Uma semana antes, ele parecia inalcançável do alto dos seus 35% de intenção de voto. Era observado com inveja pelos demais candidatos.
Ainda seria possível evitar que se elegesse? Como governaria sem experiência e apoio partidário?
O Ibope conferiu-lhe 34% das intenções de voto entre os dias 22 e 24 de setembro. O Instituto Vox Populi também - só que entre os dias 19 e 21.
Fiquemos com o Datafolha e o Ibope que têm acompanhado mais amiúde a consolidação do voto na cidade de São Paulo.
O Datafolha aplicou 10 pesquisas do início de março último para cá. O Ibope, seis pesquisas desde maio. A trajetória de Russomanno é ascendente nas pesquisas dos dois institutos - salvo o tropeço na mais recente do Datafolha.
Russomanno pontuou assim no Datafolha: 19%, 21%, 24%, 26%, 31%, 31%, 35%, 32%, 35% e 30%.
Aparentemente, houve um soluço quando ele caiu de 35% para 32%, voltando para 35%. Os 30% podem significar outro soluço - ou não.
No Ibope, Russomano saiu de 16% para 25%, 26%, 31%, 35% e 34%. Nas pesquisas dos dois institutos, Serra só fez cair - de 30% para 22%, segundo o Datafolha. Ou de 31% para 17%, segundo o Ibope. Nas últimas cinco pesquisas do Datafolha, Serra estancou.
A performance de Fernando Haddad, candidato do PT, pode ser resumida com uma frase: "Devagar e sempre para o alto".
No Datafolha ele foi de 3% para 18%. No Ibope, igualmente de 3% para 18%. Das vezes que oscilou para baixo (duas no Datafolha e uma no Ibope) foi dentro da margem de erro das pesquisas.
O PT costuma colecionar na capital paulista em torno de 30% dos votos no primeiro turno das eleições. Haddad tem menos de uma semana para crescer 12 pontos.
É possível que cresça? É, sim senhor.
O PT nada em dinheiro. Não há campanha mais cara no Brasil do que a de Haddad.
Lula está disposto a pagar qualquer preço para reforçar sua fama de milagreiro. A essa altura, somente São Paulo lhe interessa e nada mais. Deu ordem a Dilma para comparecer ao comício que fechará a campanha de Haddad no primeiro turno. Até quando os adoradores de Dilma continuarão sonhando com o dia em que ela dirá não a Lula?
No dia de São Nunca, talvez.


Credita-se aos ataques desfechados contra ele nas últimas semanas por Serra e Haddad a suposta ou eventual derrapagem de Russomanno.
Algum estrago os ataques devem ter produzido, por suposto. Mas a se confirmar que de fato Russomanno derrapou, ele e os pastores que conduzem seu rebanho deveriam ir se queixar ao bispo. Ou melhor: deveriam ir se queixar do bispo.
Até para votar, os fiéis da Universal obedecem a uma orientação que vem de cima. Os católicos, não.
Foi-se o tempo em que padres e bispos se engajavam em campanhas. A ordem de "à direita, marche!", disparada pelo Papa João Paulo II, devolveu-os à sacristia.
Pois bem: no último dia 14, a pedido do arcebispo dom Odilo Scherer, a Arquidiocese de São Paulo divulgou nota de repúdio à conduta do PRB. A nota classifica o partido como "manifestadamente ligado à Igreja Universal". Os católicos foram acordados pela nota, bem como outros setores da sociedade paulistana. Resta saber se ainda a tempo.

Dom Odilo Scherer , Arcebispo de São Paulo

Quem pariu a candidatura de Russomanno que a embale. Ela tem pai e mãe - o PT e o PSDB.
Cada um deles achava que Russomanno só tomaria votos do outro.
Lula mandou que o PC do B renunciasse à candidatura de Netinho de Paula para não atrapalhar a de Russomanno.
Geraldo Alckmin mandou que o PTB reforçasse Russomanno indicando-lhe o vice.
O prefeito Gilberto Kassab, aliado de Serra, arregimentou financiadores de campanha para rechear os bolsos de Russomanno.
Com dinheiro e algum tempo de propaganda, Russomanno foi à luta. PT e PSDB esqueceram dele. Quando lembraram...

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