Relações comerciais Brasil-Rússia em 2013: mais do mesmo
30.04.2013, 18:22, hora de Moscou
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© Voz da Rússia
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O quadro geral das relações comerciais do Brasil com a Federação Russa, em 2013, não deverá se desviar do que tem sido observado nos últimos anos. Haverá um crescimento no quantum das trocas recíprocas, mas a concentração nos poucos – e mesmos – produtos de sempre, realidade que os dois países procuram mudar, não deverá sofrer alterações que chamem atenção nas estatísticas.
Objeto de lamentação mútua do primeiro-ministro Dmitri Medvedev e da presidente Dilma Rousseff, no encontro de fevereiro último, a dependência dos parceiros de uma pauta de itens restritos continuará a mascarar as potencialidades existentes de diversificação.
Praticamente metade do que o país exporta à Rússia é o complexo carne (bovina, suína e frango). Mais de metade das importações de produtos russos é de fertilizantes (acabados e matérias-primas).
Respetivamente, em 2012, as vendas totais foram de US$ 3.140 bilhões (US$ 4,2 bilhões em 2011), aos quais se juntam açúcar, café e grãos, e de US$ 2.790 bilhões (US$ 2,9 bilhões em 2011), onde entram também produtos petroquímicos, siderúrgicos e máquinas elétricas. E mais alguns itens ainda de menor expressão.
A possibilidade de a receita bruta aumentar até dezembro para os exportadores russos e brasileiros – cujo total também é pequeno – virá do que se pode chamar de "mais do mesmo". Apesar do embargo russo às carnes suína e bovina, de algumas regiões do Brasil, que impactaram as contas em 2012, as exportações totais em 2013 poderão voltar aos níveis de 2011. Na outra mão, as vendas da Rússia, poderão crescer um pouco mais porque as importações globais brasileiras estão em ascensão.
E o pequeno superávit do Brasil se manterá.
As trajetórias do primeiro trimestre vão nessas direções. Os embarques brasileiros para o principal parceiro da Europa Oriental alcançaram US$ 778,9 milhões, US$ 186,6 milhões a mais que no mesmo período do ano anterior. Da Rússia para o principal parceiro do Cone Sul as vendas foram de US$ 525,7 milhões, cerca de 15% superiores ao conferido de janeiro a março de 2012.
E o retrato por produtos brasileiros apresenta a carne bovina com US$ 293 milhões (74 mil toneladas), 24,5% de toda a carne exportada mundialmente. Em seguida, a carne suína representou um volume de 31 mil toneladas – 95,2% a mais que nos mesmos meses de 2012 – que resultou em um faturamento de US$ 94 milhões. Só essas duas rubricas já deram a metade da receita obtida com a Rússia no início do ano e que deverá prevalecer nos meses vindouros.
Com a agregação de soja, açúcar e café, o painel de 2013 repetirá 2012.
Da Rússia para o Brasil nada mudou também no primeiro trimestre. O complexo fertilizantes superou em mais de 50% do total embarques para o mercado brasileiro. Item no qual a Rússia lidera como um dos principais fornecedores, junto com Estados Unidos e China.
O país tem fome do produto destinado à nutrição vegetal, uma vez que a indústria nacional não cobre a demanda, tanto que as compras externas já cresceram 18% de janeiro a março sobre iguais meses de 2012, chegando a 3,58 mil toneladas.
Poderia haver uma chance, ao longo do ano, de um ganho adicional em valor e em diversificação de produtos a favor dos russos se for concretizada a venda de helicópteros e baterias antiaéreas, em acordo anunciado no período da visita do primeiro-ministro Medvedev ao Brasil. Mas dificilmente o negócio sairá em 2013.
Especialistas em comércio exterior da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), como o presidente José Augusto de Castro, e da Fundação Centro de Comércio Exterior (Funcex), lembram que a concentração da pauta recíproca também não deverá se alterar inclusive nos próximos anos.
Mas se houver alguma mudança significativa, a opinião é a de que beneficiará a Rússia. O país já tem um histórico de exportações ao Brasil de mais produtos manufaturados e semimanufaturados. Com uma base tecnológica mais avançada que a brasileira, naturalmente o campo se abre potencialmente em várias frentes de negócios.
Para o Brasil, que já vende basicamente apenas produtos primários e semimanufaturados, a situação não se alterará tão depressa. Mesmo porque a competitividade de produtos industrializados brasileiros vem caindo a cada novo resultado da balança comercial com qualquer país.
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