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domingo, 13 de outubro de 2013

"Tem muito político que merece porrada", diz Romário / O Dia

Romário: 'Tem muito político que merece porrada'

Presidente do PSB no Rio, Baixinho admite a possibilidade de ser candidato a governador ano que vem, embora sonho seja disputar a Prefeitura da cidade em 2016

ROZANE MONTEIRO
Rio - Romário tem 47 anos, "quase três“ de política, como ele mesmo diz, e está se profissionalizando na vida partidária. Presidente do PSB no Rio, partido que ele chegou a se desfiliar, agora admite a possibilidade de ser candidato a governador ano que vem, embora o sonho mesmo seja disputar a Prefeitura da Cidade Maravilhosa em 2016.
Pelo sim, pelo não, já vai distribuindo críticas ao prefeito Eduardo Paes e ao governador Sérgio Cabral, ambos do PMDB, para ir treinando. A marra é a de sempre, mas o Baixinho anda desenvolvendo a estranha mania de admitir que seu jeito “explosivo” o atrapalha. Romário agora tem fé que o Brasil pode ganhar a Copa e diz que Edmundo é um “cara do bem”.
O DIA : O sr. acaba de voltar para o PSB, depois de se desfiliar em agosto. Acha que tomou a decisão certa? 
ROMÁRIO:  Estou bastante, muito feliz no PSB. Não vejo possibilidade de sair do PSB.
Mas por que o sr. saiu?
Porque aqui no estado eu estava engessado: eu só poderia ser sempre candidato a deputado federal. Mesmo com as pesquisas feitas ano passado — na eleição para a prefeitura —, quando eu apareci com 8% (das intenções de votos), em terceiro lugar, nem com isso eu consegui andar. Por exemplo, como foi combinado (agora), ano que vem eu poderia, dependendo das pesquisas, ser candidato a senador. Mas hoje, 80% (das chances) é de ser candidato a deputado federal.
Romário: "Tem político que merece tomar porrada"
Foto:  Maíra Coelho / Agência O Dia
Por que isso não acontecia antes? 
A direção anterior (o ex-presidente regional do PSB no Rio, Alexandre Cardoso, afastado pela direção nacional do partido) já tinha combinado que o PSB apoiava o governo do estado, então a gente não podia andar. E em relação à nacional, houve a falta de contato com o (presidente nacional do PSB) Eduardo Campos. Em alguns momentos, eu queria conversar com ele, mas, pelos motivos dele lá, a gente acabou não se encontrando. Em algum momento eu falei: “Quer saber? Vou ver se consigo através de outra sigla um espaço maior do que eu estou tendo aqui.” Com a decisão de substituir o diretório regional, eu tenho agora liberdade, posso seguir meus planos políticos. Tenho vontade de, em 2016, também dependendo das pesquisas, me candidatar a prefeito. 
O sr. acha que tem chances reais de ser um candidato competitivo à Prefeitura do Rio?
Uma coisa que aprendi com meu pai foi: eu só disputo alguma coisa onde eu tiver no mínimo 50% de chances, em igual condição. Se for 49%, já não entraria. Por que eu tenho chance? Eu tenho apenas quase três anos de política, mas conheço um pouco dos problemas que a cidade tem. A cada dia me interesso mais por política, a experiência vem na prática. E eu sei que o Legislativo é 100% diferente do Executivo. Eu imagino o quanto difícil deve ser tocar uma administração de uma cidade como o Rio. Mas, a partir do momento em que você consegue formar um grupo de secretários que te ajudem e que você possa delegar determinados poderes, e essas pessoas, com competência cumprirem o que têm que fazer, eu acredito que você pode fazer uma boa administração. As pessoas que trabalham comigo me ajudam muito. Até 2016, a tendência é que esse grupo cresça, melhore, e até lá eu possa reunir pessoas capazes de me ajudar.
O assessor de imprensa do PSB nacional, Evaldo Costa, admitiu que a possibilidade de o sr. ser candidato a governador ano que vem “está na roda”. É possível? 

Isso é uma possibilidade. Eu não posso descartar isso. Mas vou repetir: se eu me vir na condição de ter 50% de chances de disputar, vai acontecer. Se não, não me interessa.

Levando em conta o cenário hoje, com seis pré-candidatos a governador, o que o sr. consideraria chances reais de disputar?
Se eu ficar em sexto, sétimo lugar, não tem jeito. Se eu estiver nos três primeiros lugares, posso dizer que estou mais ou menos com 50% de chances.
Que qualidade o sr. trouxe do campo para a política? 
Essa coragem de poder dizer o que tenho vontade de dizer.
E defeito? 

Eu sou um cara um pouco explosivo em determinadas situações, e isso na política não é muito positivo. Estou tentando deixar essa parte um pouco de lado, mas, às vezes, é meio complicado. Eu estou aprendendo com o tempo, mas esse ranço ainda não saiu de mim nesses três anos. Daqui a pouco sai... 
Lindo, mas na prática... 
Na prática, não é mole, não é bem assim, não, mas estou tentando... (risos)
Romário diz que aprendeu com o pai a só disputar alguma coisa se tiver 50% de chances
Foto:  Maíra Coelho / Agência O Dia
Na prática, o que tira o sr. do sério? 
Por exemplo, o que está acontecendo no Rio com os professores. Não consigo entender como a Prefeitura do Rio não chega a um acordo, se não com o sindicato, que seja diretamente com os professores. Os professores têm que ser bem remunerados. Se ele (prefeito Eduardo Paes, do PMDB) está lá, foram os professores que trabalharam muito para ele ser o que ele é. Professor tem que ser visto de uma forma diferenciada. Não pode um professor ganhar R$ 1 mil, R$ 2 mil. Essa é uma coisa que me deixa chateado. Pô, resolve isso, cara! Tira de algum lugar, bota ali, mas tem que resolver. Não pode ficar aí, os caras fazendo passeata, e as crianças vão perder o ano letivo.
Como o sr. avalia o governo Cabral?
Você pode fazer duas avaliações. Primeiro, Cabral Pessoa Jurídica foi muito bom para o Rio até determinado momento. Pessoa Física: péssimo, um dos piores exemplos que nós temos na política.
Como assim? 
(Exemplos) de conduta, de atitudes ruins, negativas. Pô, o cara todo dia andava de helicóptero, isso não pode passar impune. Isso é até uma falta de respeito com a população, principalmente com a população que anda de ônibus, de trem, de van, de Kombi.
O que o sr. acha dos black blocs?
O que eu acho, longe de fazer apologia à violência, é que tem muito político que merece porrada mesmo. Não estou dizendo que eles (os black blocs) têm que dar. O político merecer é uma coisa, os caras terem que dar é outra. Mas eu também vejo que uma manifestação pacífica tem saldo muito mais positivo do que acontece como o que a gente tem visto aí. Infelizmente eu não sei te afirmar, mas pelo que parece é um grupo direcionado para causar o caos onde não tem.
Um dos gritos de guerra ouvidos nos protestos é “não vai ter Copa”... 



As manifestações começaram antes da Copa das Confederações. Eu ouvi isso com relação à Copa das Confederações, e acabou tendo. No que se refere ao futebol, foi um êxito. O Brasil foi campeão. O problema é que os gastos que aconteceram até agora foram feitos para que os estádios, principalmente, tivessem no Padrão Fifa Copa das Confederações. Agora, vem padrão Fifa Copa do Mundo. Não se pode esquecer isso. Algumas coisas vão ser modificadas, novas obras serão feitas, e nova reformas também. Então, um orçamento que era de R$ 28 bi ou R$ 29 bi já está em quase R$ 39 bi ou R$ 40 bi. Isso não pode ser uma coisa que vá dar bons frutos. O legado dessa Copa para a população seria o que estava no caderno de encargos da Fifa, que eram mobilidade urbana e acessibilidade. Essas duas coisas foram as que mais saíram do planejamento das obras. Ou seja: onde eu enxergo que seria a maior contribuição para um legado positivo não vai ter, infelizmente. Ninguém pode em sã consciência concordar que num Mané Garrincha se gastará R$ 2 bi, que no Maracanã também vai passar disso — desses R$ 2 bi, talvez 50% estejam no bolso dos outros. Isso é uma coisa absurda. Esses caras têm que ser presos.
Vamos ganhar a Copa? 
Espero que sim. Se a pergunta fosse feita antes da Copa das Confederações, eu afirmaria que não, porque a seleção estava jogando muito mal. Mas, durante a Copa das Confederações, o Brasil se acertou, Felipão conseguiu colocar suas ideias em prática dentro do campo, os jogadores entenderam o que ele queria. Hoje eu vejo Brasil, Argentina, Alemanha e Espanha como favoritos para campeão do mundo.
Quem joga mais, o sr. ou Neymar? 
Pô, muito mais eu, né? Neymar joga bem,vai ser um dos grandes, mas está muito novo para fazer comparação comigo. Se ele continuar nessa batida, pode até ter a possibilidade de quando acabar a carreira falar que foi melhor que eu. Hoje ainda não.
Sou um cara um pouco explosivo em determinadas situações, e isso na política não é muito positivoRomário
O que o sr. achou da forma como Mano Menezes saiu do Flamengo?
O estrago que ele fez na Seleção brasileira é o que ele fez no Flamengo e que ele provavelmente fará em alguns outros. Você tem que ser homem para assumir a sua posição, por mais que seja contrária à de todo mundo. Não estou dizendo que ele não foi. Mas eu agiria da forma mais correta possível. Ia chegar lá, entregar o cargo, falar com a diretoria: “Eu quero sair porque eu quero. Não tem motivo, mas eu quero sair.” Não deixa de ser um motivo.
Se o sr. tivesse que escolher um presidente para o Vasco entre Roberto Dinamite, Eurico Miranda ou Edmundo, quem seria? 
O Dinamite é o pior presidente da história do futebol mundial. O cara conseguiu ser pior (presidente) do que (é) deputado estadual, bateu o recorde dele mesmo. Deu péssimo exemplo para nós, que somos ex-jogadores, para a possibilidade de a gente futuramente pensar em ser presidente de um clube. Todo mundo vai falar: “Não viu a cagada que o Roberto fez no Vasco?” Dos três, o Roberto é pior de todos. O Eurico é uma pessoa que eu sempre respeitei, vou respeitar. Se, por acaso, ele for presidente do Vasco, vou ter grande prazer em ajudar. Não só pelo Eurico, mas pela história que eu tenho no Vasco. O Edmundo é uma incógnita. Eu só espero que ele não tenha o Roberto como exemplo de nada.
O que o sr. diria hoje sobre o Edmundo?
A gente teve alguns problemas, parou até um tempo de se falar. Como todos nós, ele tem seus defeitos. Mas eu vejo o Edmundo como um cara do bem, um cara que passou por alguns momentos difíceis na vida, mas superou. Na profissão atual, se saiu muito bem, é um cara que tem coragem, faz boas colocações em relação ao que acontece no jogo. Acredito que, se ele for levar isso para a política no Vasco ou na política partidária, pode fazer muita coisa boa por nosso país.
Se o sr. for eleito prefeito ou governador, quem vai ser a primeira dama?
Boa pergunta. Até lá eu tenho bastante tempo para escolher. Estou separado há um ano e meio. Primeiro tenho que arrumar uma namorada.
    Tags: Entrevista , Romário

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