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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

China reage às notícias de jornais ocidentais que comentavam médotos de desvios de fortunas do alto escalão chinês para paraísos fiscais

22/01/2014 10h24 - Atualizado em 22/01/2014 13h22

Sites ficam inacessíveis na China após 




denúncia sobre fortunas no exterior


Jornais divulgam contas de parentes de líderes do país em paraísos fiscais.
Governo questiona motivação da investigação e diz que 'não é convincente'.


Da AFP
Presidente chinês Xi Jinping na primeira sessão de trabalho da Cúpula do G20 (Foto: Sergei Karpukhin/ AFP)Parentes do atual presidente chinês, Xi Jinping, 
teriam contas milionárias em paraísos fiscais
  (Foto: Sergei Karpukhin/ AFP)



Sites do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), com sede em Washington, e de jornais internacionais, como o britânico "The Guardian", o francês "Le Monde", o espanhol "El Pais" e o de Hong Kong "Ming Pao" tiveram o acesso inacessível nesta quarta-feira (22).
O temporário bloqueio ocorre após os mesmos periódicos divulgarem uma investigação apontando que parentes de vários líderes do alto escalão do governo chinês escondem verdadeiras fortunas em paraísos fiscais.
 Entre as contas há a de familiares do presidente da China, Xi Jinping e o ex-primeiro-ministro Wen Jiabao. A investigação jornalística, realizada pelo ICIJ em parceria com jornais estrangeiros e feita de acordo com documentos financeiros obtidos, coloca em xeque a campanha anticorrupção lançada por Pequim.

Segundo o "Guardian", cálculos estimam que, desde o ano 2000, saíram da China ativos não detectados de US$ 1 a 4 trilhões.
De acordo com o relatório, quase 22 mil clientes originários da China ou de Hong Kong estão envolvidos com companhias "offshore". Entre as fortunas chinesas envolvidas no escândalo, estão as de milionários do mundo dos negócios, incluindo Yang Huiyan, a mulher mais rica da China, ou Pony Ma e Zhang Zhidong, fundadores da gigante Tencent.
Mas os 2,5 milhões de dados confidenciais recolhidos pelo ICIJ revelam também um verdadeiro "quem é quem" da elite política da segunda economia mundial. A riqueza dos líderes comunistas continua a ser um assunto tabu na China e os principais dirigentes do regime devem, oficialmente, servir ao povo desinteressadamente.

O governo chinês reagiu. Em pronunciamento, Qin Gang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, respondeu: "A lógica do artigo (do ICIJ) não é convincente, o que provoca questões sobre os seus motivos".
8 de novembro - Telão exibe a fala do presidente Hu Jintao na abertura do Congresso Nacional ao vivo no centro de Pequim (Foto: Vincent Yu/AP)Hu Jintao, ex-presidente da China, também teria
contas no exerior (Foto: Vincent Yu/AP)
Políticos e parentes de Hu envolvidos
Há membros do Congresso Nacional do Povo (CNP), do Parlamento chinês, bem como parentes do ex-presidente Hu Jintao, do ex-primeiro-ministro Li Peng e de Deng Xiaoping, que supervisionou a abertura da economia chinesa em 1980.
Também estão envolvidos parentes de Xi Jinping, o atual chefe de Estado, e de Wen Jiabao, primeiro-ministro entre 2003 e 2013, que já haviam sido investigados em 2012 pela Bloomberg e pelo New York Times sobre as fortunas colossais de suas famílias.


Segundo o ICIJ, Deng Jiagui, um rico empreendedor imobiliário e investidor que, em 2006, casou-se com a irmã mais velha de Xi Jinping, detém 50% de uma empresa registrada nas Ilhas Virgens Britânicas, sob o nome Excellence Effort Property Development.
Por sua vez, Wen Yunsong - filho de Wen Jiabao - abriu em 2006 no mesmo paraíso fiscal uma empresa da qual ele era o único acionista.
Embora tais empresas e fundos "possam não ser ilegais", elas muitas vezes escondem "conflitos de interesse e servem para manter relações no centro do governo", indicou ao ICIJ Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College.
Por coincidência, nesta quarta-feira em Pequim acontece o julgamento do advogado Xu Zhiyong, um ativista detido por exigir insistentemente mais transparência por parte dos líderes políticos, pedindo-lhes para divulgar seus ativos.
Essas revelações também ocorrem poucos dias após a publicação de uma carta de Wen Jiabao, clamando a sua 'inocência' e se defendendo de qualquer delito após as recentes denúncias contra a sua filha.
Em novembro, o New York Times informou que o banco americano JPMorgan Chase havia empregado como sua consultora Wen Ruchun, a filha de Wen, possivelmente para obter contratos lucrativos na China.

JPMorgan é investigada nos EUA
A JPMorgan, cuja política de contratação de parentes de vários líderes chineses é investigada pelas autoridades dos Estados Unidos, pagou um total de US$ 1,8 milhão em taxas de consultoria para Wen entre 2006 e 2008.
Os documentos revelados nesta quarta-feira pelo ICIJ mostram de que maneira Wen Ruchun, que operava sob o pseudônimo de 'Lily Chang', conseguiu apagar seus rastros para ocultar qualquer ligação entre seu pai e sua companhia.
Batizada de Fullmark Consultants, a empresa foi criada nas Ilhas Virgens Britânicas em 2004 por seu marido Liu Chunhang. Ele foi o único diretor e acionista até 2006, ano em que o sistema de regulação bancária chinês lhe ofereceu um cargo.
Segundo o ICIJ, 90% dos clientes da China continental representaram entidades 'off-shore' nas Ilhas Virgens Britânicas, muitas vezes com a ajuda de empresas ocidentais, incluindo as instituições helvéticas UBS e Credit Suisse, mas também a consultora PricewaterhouseCoopers (PwC).
Cerca de 7% deles se instalaram nas ilhas Samoa, e 3% em outras áreas. Os documentos obtidos pela organização também citam 16.000 clientes de Taiwan em paraísos fiscais.

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