Artigos do Puggina
TENHO LIDO CADA UMA !
por Percival Puggina. Artigo publicado em 01.03.2015
Numa ponta da meada do Petrolão, lideranças de um governo que afunda de nariz empinado falam como se a Petrobras fosse tesouro de quem o encontrou ao pé de promissor arco-íris. E o dia, durante 12 anos, nasceu feliz. Na outra ponta, até quem manteve as mãos distantes do óleo grosso quer transferir culpas. O sujeito cumprimentou cordialmente um jornalista da praça - "Como vai, fulano?", e este revidou: "E o efeagacê? E o efeagacê?". Calma, rapaz, um simples bom-dia basta.
Não lembro de período com tanta sandice no noticiário. Li que o Ministro da Justiça aferrolhou a porta e conversou com o advogado de uma empreiteira que entrou nervoso e saiu tranquilo. Li exaustiva lista relacionando, com ufania, quatro (!) petistas que teriam desentranhado sua contrariedade com a corrupção em curso. A virtude é assim, tão contagiante? Quatro gotinhas tornam potável a água mais impura? Li que na versão marota do "regime de partilha", na qual 3% dos contratos abasteciam os partidos da base (2% para o PT e 1% para o PMDB e o PP) tudo era feito "em nome da governabilidade". Bom, para o país, não? Li que um grupo de 50 "intelectuais" partiu para o ataque afirmando que: 1) a operação Lava Jato põe em risco nossa soberania e a democracia; 2) seus alvos são a Petrobras e o pré-sal; 3) as investigações estão "dizimando" empresas de alta tecnologia; 4) desenha-se um projeto golpista no país. Com intelectuais assim, quem precisa de tolos?
Ouvi Lula em ato para salvar a Petrobras. Falou como quem mata e vai discursar no velório. Disse que os achados da Lava Jato nas águas profundas do governo são tema de quem quer criminalizar a política. Ensinou História, afirmando que tais ações acabam em ditadura (certamente lembrou de seus amigos do Foro de São Paulo prendendo opositores). Ameaçou com o "exército do Stédile" (MST) quem atacasse o governo nas ruas. E ao final, surtou: "O que nós estamos vendo é a criminalização da ascensão social de uma parte do povo brasileiro". Mas o que é isso, Lula?
Li sobre a campanha por Eleições Limpas. E pergunto à CNBB, que mantém união estável com o PT há 35 anos: por que não começou a limpeza dentro de casa, fazendo com que suas Análises de Conjuntura não propagassem as mentiras desse partido sobre a situação nacional? Li no hino da Campanha da Fraternidade: "Os grandes oprimem, exploram o povo". Marxismo de boteco, em pentagrama. E um velho comunista me escreve: por culpa da direita, a Venezuela era um país rico de povo pobre onde o chavismo veio redimir os pobres. Agora, a Venezuela é um país pobre, de povo pobre. Mas a culpa, insiste ele, continua sendo da direita. Vai entender!
ZERO HORA, 01 de março de 2015
Numa ponta da meada do Petrolão, lideranças de um governo que afunda de nariz empinado falam como se a Petrobras fosse tesouro de quem o encontrou ao pé de promissor arco-íris. E o dia, durante 12 anos, nasceu feliz. Na outra ponta, até quem manteve as mãos distantes do óleo grosso quer transferir culpas. O sujeito cumprimentou cordialmente um jornalista da praça - "Como vai, fulano?", e este revidou: "E o efeagacê? E o efeagacê?". Calma, rapaz, um simples bom-dia basta.
Não lembro de período com tanta sandice no noticiário. Li que o Ministro da Justiça aferrolhou a porta e conversou com o advogado de uma empreiteira que entrou nervoso e saiu tranquilo. Li exaustiva lista relacionando, com ufania, quatro (!) petistas que teriam desentranhado sua contrariedade com a corrupção em curso. A virtude é assim, tão contagiante? Quatro gotinhas tornam potável a água mais impura? Li que na versão marota do "regime de partilha", na qual 3% dos contratos abasteciam os partidos da base (2% para o PT e 1% para o PMDB e o PP) tudo era feito "em nome da governabilidade". Bom, para o país, não? Li que um grupo de 50 "intelectuais" partiu para o ataque afirmando que: 1) a operação Lava Jato põe em risco nossa soberania e a democracia; 2) seus alvos são a Petrobras e o pré-sal; 3) as investigações estão "dizimando" empresas de alta tecnologia; 4) desenha-se um projeto golpista no país. Com intelectuais assim, quem precisa de tolos?
Ouvi Lula em ato para salvar a Petrobras. Falou como quem mata e vai discursar no velório. Disse que os achados da Lava Jato nas águas profundas do governo são tema de quem quer criminalizar a política. Ensinou História, afirmando que tais ações acabam em ditadura (certamente lembrou de seus amigos do Foro de São Paulo prendendo opositores). Ameaçou com o "exército do Stédile" (MST) quem atacasse o governo nas ruas. E ao final, surtou: "O que nós estamos vendo é a criminalização da ascensão social de uma parte do povo brasileiro". Mas o que é isso, Lula?
Li sobre a campanha por Eleições Limpas. E pergunto à CNBB, que mantém união estável com o PT há 35 anos: por que não começou a limpeza dentro de casa, fazendo com que suas Análises de Conjuntura não propagassem as mentiras desse partido sobre a situação nacional? Li no hino da Campanha da Fraternidade: "Os grandes oprimem, exploram o povo". Marxismo de boteco, em pentagrama. E um velho comunista me escreve: por culpa da direita, a Venezuela era um país rico de povo pobre onde o chavismo veio redimir os pobres. Agora, a Venezuela é um país pobre, de povo pobre. Mas a culpa, insiste ele, continua sendo da direita. Vai entender!
ZERO HORA, 01 de março de 2015
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