Policiais paulistas que levavam dinheiro falso trocam tiros com a polícia mineira
No tiroteio, um policial civil morreu, outras duas pessoas ficaram feridas e ao menos dez policiais civis paulistas foram detidos
José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo
20 Outubro 2018 | 15h46
Atualizado 20 Outubro 2018 | 17h29
Atualizado 20 Outubro 2018 | 17h29
SOROCABA – Policiais civis de São Paulo trocaram tiros com policiais mineiros e mataram um deles em Juiz de Fora, Minas Gerais, na tarde desta sexta-feira, 20. A troca de tiros aconteceu por volta de 15h30, no estacionamento de um condomínio de consultórios médicos ligados ao Hospital Monte Sinai, no centro da cidade.
No tiroteio, o policial civil Rodrigo Francisco, de 37 anos, lotado em Juiz de Fora, foi baleado e morreu. Outras duas pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave. Ao menos dez policiais civis paulistas foram detidos. As polícias dos dois Estados investigam o que eles faziam em Juiz de Fora.
Os policiais civis de São Paulo levavam malas com R$ 14 milhões em cédulas de R$ 100, segundo a Polícia Civil de MG. Parte das notas é aparentemente falsa e o dinheiro vai passar por perícia, segundo a polícia mineira.
Cinco dos dez policiais civis paulistas que se envolveram em tiroteio foram ouvidos e liberados na tarde deste sábado, 20. Outros cinco continuam presos – quatro deles foram autuados por lavagem de dinheiro e um, que está internado em estado grave, por homicídio. O policial internado teria sido o autor do disparo que matou o policial civil mineiro Rodrigo Francisco, durante a troca de tiros.
Crimes
De acordo com o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária de Minas, Carlos Capistrano, três policiais mineiros foram indiciados por prevaricação, crime cometido quando o agente público deixa de cumprir obrigação inerente ao seu ofício. O delegado não explicou que motivos levaram ao indiciamento dos policiais mineiros, alegando que o caso é complexo e as investigações ainda não foram encerradas.
Segundo ele, o outro homem que foi ferido durante o tiroteio seria proprietário do dinheiro e já foi autuado por estelionato tentado. Já sobre a liberação dos cinco policiais paulistas, ele alegou que eles não participaram diretamente dos fatos.
Conforme o superintendente, os laudos periciais feitos no local, assim como o laudo da necropsia do policial morto, podem contribuir para elucidar o caso. Segundo ele, a perícia e o laudo devem confirmar que o autor do disparo que matou Francisco foi o policial paulista que está internado. Apesar do estado grave em que se encontra, ele está sob escolta. As armas de todos os policiais que se envolveram no tiroteio também serão periciadas.
Entenda o caso
Conforme a Polícia Civil de Juiz de Fora, os policiais de São Paulo estavam fazendo abordagens de armas em punho, quando dois agentes de Minas Gerais teriam se identificado como policiais e tentado rendê-los. Outros policiais paulistas que estavam na retaguarda teriam iniciado o tiroteio. A intensa troca de tiros só parou quando viaturas das polícias Civil e Militar cercaram a área.
O policial civil Rodrigo Francisco foi encontrado morto no local. Ele era inspetor na Delegacia de Furtos e Roubos e atuava também como examinador no Departamento de Trânsito (Detran) de Juiz de Fora.
As duas pessoas baleadas foram internadas no próprio hospital e uma delas, ferida no pé, passou por cirurgia e estava fora de risco. A outra também foi operada e estava em estado grave, mas estável, neste sábado, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital. Elas não tiveram as identidades divulgadas.
Os policiais paulistas – entre eles estariam um ou dois delegados, informação não confirmada pela Polícia Civil - foram detidos e levados à delegacia da cidade, mas alguns teriam se negado a entregar as armas.
Quatro policiais fugiram de carro, mas foram capturados horas depois. As malas com dinheiro foram achadas durante a revista aos carros apreendidos com os paulistas. As cédulas estavam em seis malas no bagageiro de um Toyota Etios, com placas de Belo Horizonte.
As polícias paulista e mineira ainda investigam o que os policiais de São Paulo faziam em Juiz de Fora. Policiais já ouvidos afirmaram terem sido contratados para fazer a escolta de um empresário que teria negócios na cidade mineira. O suposto empresário, que não teve a identidade divulgada, teria saído ileso do tiroteio e retornado a São Paulo de avião.
O grupo paulista estaria hospedado num hotel da região desde a quarta-feira. Os dez integrantes da polícia de São Paulo seriam transferidos ainda neste sábado para a capital paulista.
Policiais sob investigação
A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais informou que “o procedimento investigatório ainda está em andamento” e que todas as informações serão divulgadas após o fim da apuração. Conforme a pasta, a polícia mineira não foi comunicada previamente sobre alguma operação ou mesmo a presença dos policiais paulistas no Estado. A Polícia Civil de São Paulo informou ter enviado equipes do Grupo de Operações Especiais (GOE) a Juiz de Fora para levantar informações sobre o caso.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo informou que "o delegado divisionário da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo está em Juiz de Fora em contato constante com a Polícia Judiciária mineira para auxiliar pessoalmente nas investigações, a fim de apurar todas as circunstâncias do caso”.
Ainda segundo a nota, a SSP ressalta que “não compactua com desvios de conduta de seus agentes e, caso haja alguma irregularidade, os envolvidos serão responsabilizados”.
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