MÉXICO
Após ataques, jornal desiste de cobrir crime organizado
19/07/2012 na edição 703
O jornal mexicano El Mañana afirmou que não cobrirá mais as violentas disputas do crime organizado no país depois de sofrer um segundo ataque em apenas dois meses. No dia 10/7, três edifícios no norte do país onde funcionam jornais – incluindo o El Mañana – sofreram ataques com granadas. Outros jornais já haviam adotado, de maneira discreta, políticas semelhantes de não cobrir a violência dos carteis de drogas para proteger suas equipes contra ameaças e ataques violentos. O anúncio do El Mañana foi atípico por ser público.Tradução: Larriza Thurler (edição de Leticia Nunes)
O diário não deu os nomes de quem acredita estar por trás dos ataques, tampouco divulgou um possível motivo para os incidentes. “Pedimos a compreensão do público e vamos evitar, pelo tempo que for necessário, publicar qualquer informação relacionada à violência em nossa cidade ou em outras regiões do país”, escreveu o jornal, em editorial.
Violência crescente
A cidade de Nuevo Laredo, como boa parte do estado de Tamaulipas, vem sendo palco de batalhas sangrentas entre a gangue Zetas e o cartel do Golfo, apoiado por aliados do cartel Sinaloa. “Os conselhos administrativo e editorial foram forçados a tomar esta decisão lamentável por circunstâncias as quais estamos familiarizados e pela falta de condições adequadas para exercer livremente o jornalismo profissional”, declarou o El Mañana.
Desde 2000, 81 jornalistas foram mortos e 16 foram sequestrados no México por conta da guerra do narcotráfico. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, alega que 48 jornalistas foram mortos ou desapareceram desde que o presidente Felipe Calderón lançou uma ofensiva contra carteis de drogas em dezembro de 2006. Informações da AP [11/7/12].
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