CRISTIANE SEGATTO - 03/08/2012 14h02 - Atualizado em 03/08/2012 14h04
"Não existe homem fiel"
Hormônios, Zezé Di Camargo e a natureza da infidelidade
CRISTIANE SEGATTO
A frase não é minha, mas reflete a crença de grande parte dos brasileiros. Na quinta-feira (2) foi repetida pelo cantor Zezé Di Camargo durante uma entrevista coletiva. “Não existe homem fiel. Existe homem numa fase fiel”, disse ele ao dar pistas de que se separou de Zilu, com quem esteve casado por 30 anos.
Ninguém precisa ser um estudioso para saber que a infidelidade é mais comum do que parece, mas os estudos existem. Não são tão abundantes quanto as “puladas de cerca”, mas os achados nos permitem afirmar uma ou duas coisas.
Décadas de pesquisa demonstram que, pelo menos historicamente, a infidelidade é mais frequente entre os homens que entre as mulheres. Nos Estados Unidos, de 20% a 40% dos homens heterossexuais casados terão ao menos um affair durante a vida. Entre as mulheres, o índice varia de 10% a 25%.
A cada ano, de 1,5 a 4% das pessoas casadas têm um caso. É o que nos conta uma reportagem publicada neste mês pela revista Psychology Today, assinada por Hara Estroff Marano. Suspeito que o índice real de infidelidade – tanto lá quanto aqui – seja muito superior ao confessado.
Há um fato novo: a traição está deixando de ser uma prática marcadamente masculina. As pesquisas mais recentes flagram a mudança na população abaixo de 45 anos. Os índices de infidelidade entre homens e mulheres estão convergindo.
A maior parte das traições começa no ambiente de trabalho. Com mais mulheres trabalhando fora, as chances que elas têm de encontrar um affair se tornam tão altas quanto as oportunidades que os maridos têm. Além disso, a independência financeira deu às mulheres a liberdade de arriscar. E muitas estão fazendo isso.
Há um fato novo: a traição está deixando de ser uma prática marcadamente masculina. As pesquisas mais recentes flagram a mudança na população abaixo de 45 anos. Os índices de infidelidade entre homens e mulheres estão convergindo.
A maior parte das traições começa no ambiente de trabalho. Com mais mulheres trabalhando fora, as chances que elas têm de encontrar um affair se tornam tão altas quanto as oportunidades que os maridos têm. Além disso, a independência financeira deu às mulheres a liberdade de arriscar. E muitas estão fazendo isso.
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Aos meus ouvidos, a frase de Zezé soa ultrapassada. Ou pelo menos incompleta. Homens e mulheres traem. As motivações para a traição, no entanto, ainda parecem ser diferentes. É o que dizem os especialistas.
Entre as mulheres, a principal razão de traição ainda são necessidades emocionais. Basicamente, elas traem porque não estão felizes com o casamento.
Entre os homens, a traição é independente da qualidade do casamento. Eles traem quando o casamento vai bem e quando vai mal.
Entre os homens, a traição é independente da qualidade do casamento. Eles traem quando o casamento vai bem e quando vai mal.
O fator determinante para a traição – tanto entre os homens, quanto entre as mulheres – é a oportunidade. “As pessoas casadas se envolvem com outras pessoas quase sempre sem planejar”, diz o psicólogo Barry McCarthy.
Nenhum lugar oferece mais oportunidades que o ambiente de trabalho. Ele permite o contato constante com um grande número de pessoas, quase sempre com interesses comuns. E ainda torna plausível a desculpa clássica: “Benhê, vou dar uma esticada aqui no escritório”.
Não é mais possível entrar em qualquer discussão sobre infidelidade sem levar em conta as pesquisas recentes sobre os hormônios e a maquinaria do cérebro. Em estudos feitos com ressonância magnética, a antropóloga Helen Fisher demonstrou que existem sistemas neurais diferentes que determinam a atração, o amor romântico e o vínculo. Eles podem operar de forma independente entre si.
“Todo mundo começa um casamento acreditando que nunca terá um affair”, diz Helen. “Por que, então, nossos dados coletados em várias partes do mundo demonstram que as pessoas traem mesmo quando são felizes no casamento?”
A resposta: “Você pode ter um vínculo forte com um parceiro e sentir um amor romântico intenso por outro. E, ao mesmo tempo, perceber que outras pessoas lhe despertam desejo sexual”, diz Helen.
Hormônios, hormônios, hormônios. Podemos submetê-los às regras da cultura. Fazemos isso o tempo todo para que a vida em sociedade seja viável. Mas eles são rebeldes.
(Cristiane Segatto escreve às sextas-feiras)
E você? Concorda com a frase de Zezé di Camargo? Acha que os homens ainda traem mais que as mulheres? Queremos ouvir sua opinião.
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