Brasileiro disputa título de melhor professor dos EUA
Alexandre Lopes já foi eleito o melhor professor da rede estadual de ensino da Flórida, entre mais de 180 mil docentes
03 de setembro de 2012 | 16h 49
Portal Porvir
Em julho deste ano, Alexandre Lopes, 43 anos, foi eleito o melhor professor da rede estadual de ensino da Flórida, nos Estados Unidos, entre mais de 180 mil docentes. O brasileiro, natural de Petrópolis, especializou-se em educação infantil e dá aulas na Carol City Elementary, em um bairro de classe média baixa de Miami, onde montou um programa de inclusão. Suas turmas têm cerca de 13 alunos, parte pertencentes a minorias étnicas, filhos de imigrantes ou crianças com autismo.
Para estimular os alunos, o professor utiliza música, dança, brincadeiras e aparelhos tecnológicos, como uma lousa digital. As técnicas ajudam as crianças a se expressar e a reconhecer símbolos. “Acredito que a utilização desses elementos, de uma maneira integrada, exige uma certa criatividade por parte do educador que os coloca em prática”, afirma Alexandre, em entrevista ao Porvir.
E é esta criatividade que ele tem apresentado a outros educadores. Até a etapa final da disputa que irá eleger o melhor professor dos EUA, Alexandre dará palestras sobre seu trabalho em diversas cidades americanas. O Departamento Nacional de Educação do governo federal anunciará o vencedor da disputa em maio de 2013, em um evento na Casa Branca, em Washington, com a presença do presidente americano.
“Jamais pensei que um dia me tornaria uma pessoa cuja função fosse a de inspirar. Tenho me surpreendido não só com a reação das pessoas como também com o grau de conforto que sinto dirigindo-me a grandes plateias”, conta o professor. Com uma abordagem holística, Alexandre orienta seus alunos a desenvolver habilidades motoras finas e fonológicas, preparando futuros leitores e escritores.
Alexandre destaca que um bom professor de educação infantil deve ter conhecimento da sequência na qual o desenvolvimento infantil ocorre na área motora, cognitiva, social e emocional. “O educador que possui este conhecimento sabe dizer onde a criança encontra-se em seu desenvolvimento e, a partir daí, encaminhá-la ao destino onde ela deve chegar”, aponta.
Radicado nos EUA desde 1995, Alexandre Lopes é formado em comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado em educação infantil pela Universidade de Miami. Atualmente faz doutorado na Florida International University. O título de melhor professor da Flórida rendeu um prêmio em dinheiro (US$ 10 mil). Ele já havia ganhado um carro na etapa regional, quando foi eleito o melhor professor do Condado de Miami-Dade.
Leia a entrevista concedida ao Porvir:
A grande diversidade de alunos na sua sala colabora para o seu trabalho ou o torna um desafio maior?
A diversidade torna o meu trabalho mais desafiante. No entanto, este desafio dá-me animo para continuar seguindo em frente. Eu acredito que quanto maior o desafio, mais enriquecedora é a recompensa que ele traz.
A troca de experiências entre as crianças com backgrounds distintos enriquece a aprendizagem?
Tenho certeza que meus alunos acumulam uma bagagem acadêmica, cultural, social e emocional muito maior do que estudantes da idade deles que frequentam escolas com homogeneidade demográfica.
O que você destacaria como fundamental para uma boa educação infantil?
Para que a inclusão de alunos com deficiências seja bem sucedida, turmas pequenas e programas com uma boa infraestrutura são, sem dúvida alguma, necessários. Uma boa educação infantil inclui um professor que tenha conhecimento da sequência na qual o desenvolvimento infantil ocorre na área motora, cognitiva, social e emocional. O educador que possui este conhecimento sabe dizer onde a criança encontra-se em seu desenvolvimento e, a partir daí, encaminhá-la ao destino onde ela deve chegar.
O trabalho que você desenvolve nos EUA poderia ser aplicado no Brasil?
Acredito que o trabalho que desenvolvo pode ser aplicado não somente no Brasil como também em qualquer parte do mundo. É claro que, além da verba necessária, existe também a necessidade da população ser educada de maneira que ela torne-se mais receptiva à filosofia de inclusão social.
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