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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Do blog "Todoprosa".... / Sergio Rodrigues, Veja


Selexyz é o nome da livraria das fotos acima,(abaixo a direita) diante da qual um lugar-comum como “templo dos livros” ganha uma inesperada força expressiva. Foi montada no interior de uma antiga igreja dominicana em Maastricht, na Holanda, e vem em primeiro lugar entre as 20 livrarias mais belas do mundo, segundo uma das mais inspiradoras listas que o Flavorwire já compilou. O Brasil também comparece (com a Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim, em São Paulo).
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Se essa lista fosse um documentário, poderia ter a narração em off de Jonathan Franzen, que acaba de recitar (aqui, em inglês) no festival Hay de Cartagena, na Colômbia, a maior defesa dos livros impressos ouvida nos últimos tempos. De forma um tanto surpreendente, o autor de “Liberdade” não se referiu ao aroma inebriante da tinta no papel ou algum outro clichê do gênero. Atacou justamente aquilo que os entusiastas do meio digital mais exaltam: a aura de impermanência – ou seja, a plasticidade, a permeabilidade, a interatividade, o compartilhamento, a coautoria – do texto lido na tela.
“Talvez ninguém ligue para livros impressos daqui a cinquenta anos, mas eu ligo”, disse Franzen, um dos autores confirmados na próxima Festa Literária Internacional de Paraty. “Quando leio um livro, tenho nas mãos um objeto específico, num lugar e numa hora específicos. O fato de que, quando tiro o livro da estante, ele ainda diz a mesma coisa – isso é reconfortante. Alguém trabalhou duro para tornar a linguagem exatamente adequada, bem do jeito que queria. E tinha tanta certeza disso que mandou imprimir o texto em tinta sobre papel. Uma tela sempre dá a impressão de que podemos deletar aquilo, mudar, mover. Para uma pessoa louca por literatura como eu, não é permanente o bastante. Tudo mais na vida é fluido, mas ali está aquele texto que não muda. Ainda haverá leitores daqui a cinquenta anos que pensem assim? Que terão essa fome por algo permanente e inalterável?”
Eu diria que sim, haverá. Como também haverá livrarias que parecem catedrais. Mas isso é só um chute, claro. Em 2062 a gente conversa.



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